segunda-feira, 5 de abril de 2010

Impressões

Meu nome é Pablo Max, curso o 1º ano do ensino médio no CIEC (Centro Integrado de Ensino de Caetité) e tenho 14 anos.

O livro Auto da Barca do Inferno para mim é um livro complicado de ser lido e compreendido. Devido ele ter sido escrito no período humanista (1517) , utilizam-se palavras arcaicas e por isso, nós temos que ficar interrompendo a leitura para olhar no vocabulário.
Esteticamente, o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é uma peça teatral do humanismo português. “Isso significa que é uma obra do período de transição entre a cultura medieval e a renascentista”. Por isso, os vestibulandos devem saber diferenciar os elementos do livro característicos da Idade Média e os do Renascimento.

As referências religiosas, as imagens de Deus e do diabo, por exemplo, são medievais. Já o antropocentrismo e o interesse de Gil Vicente em abordar questões da sociedade humana, construindo os tipos, são do Renascimento.
A estrutura do texto, em versos, era muito comum na Idade Média, e está presente em toda a obra de Gil Vicente. A peça progride com estrutura repetitiva: uma personagem chega ao local onde estão duas barcas, uma que vai para o céu e outra para o inferno. E entra em uma das barcas. Depois, chega outra personagem e faz o mesmo. E assim por diante.

Sobre as personagens é “interessante saber quem é punido e quem é glorificado, porque cada personagem é uma alegoria pra um pecado”. Ele explica que todas as almas têm diversos pecados, mas são punidas de acordo com um único pecado mais simbólico (como a vaidade ou a soberba). Essa exaltação de um só aspecto caracteriza a construção dos tipos, marcantes no Auto da Barca do Inferno.

Apesar de sua dificuldade ele nos repassa varias mensagens literárias como:

TRECHO 1
“Corregedor – Ó arrais dos gloriosos,
passai-nos neste batel!
Anjo – Oh, pragas pera papel
pera as almas odiosos!
Como vindes preciosos,
sendo filhos da ciência!
Corregedor – Oh, habetatis, clemência
e passai-nos como vossos!
Parvo – Hou, homem dos breviários,
rapinastis coelhorum
et pernis perdigotorum
e mijais nos campanários!”

Comentário
Nesse trecho, há uma amostra do realismo lingüístico de Gil Vicente. O Corregedor utiliza termos em latim para se defender. O Parvo faz, então, uma hilariante paródia de seu discurso: “rapinastis coelhorum et pernis perdigotorum”, ou seja, “rapinastes – roubastes – coelhos, pernis e perdizes”.

TRECHO 2
“Anjo – Eu não sei quem te cá traz...
Brísida – Peço-vo-lo de giolhos! (joelhos)
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deos, minha rosa?
Eu sô aquela preciosa
que dava as moças a molhos,
a que criava as meninas
pera os cónegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas, (margaridas)
olhos de perlinhas finas!
E eu som apostolada,
angelada e martelada,
e fiz cousas mui divinas.
Santa Úrsula nom converteu
tantas cachopas como eu (...)” (meninas, raparigas)

Comentário
Brísida Vaz tenta convencer o Anjo a deixá-la entrar na barca celeste. Usando linguagem vulgar, como se o Anjo fosse um dos seus clientes, chama-o de “meu amor, minhas boninas”, e afirma que espera salvar-se porque “criava as meninas” (prostitutas) para os padres da Sé -- outra crítica do autor aos maus sacerdotes.

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